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COPOS DE VENENO
Eu não temo o mundo distante
que me seduz com ligeireza,
são as mentes adormecidas
e penhoradas em cada instante
que me causam incerteza.
O que perturba é a falta de verdade
os sofismas dos agentes da política
que nos servem copos de veneno
e cobrem os corpos dos mendigos
com a injustiça da partilha do feno
que desperdiçam nos seus umbigos
e nas palestras graves da mentira
que ameaçam os espoliados da vida.
Há um temor que me estremece
em cada instante dos negros dias;
roubam aos humildes desprotegidos,
que vivem o degredo das almas penadas
sem espaço para respiras as alegrias,
e aconchegam as fortunas acumuladas
longe dos refúgios poluídos.
Antes que nos envenenem a liberdade,
vou convocar os pacientes em agonia
vou mexer no resto dos meus sonhos
e revitalizar as suas almas tristes
para que se cumpram os desígnios
dum Abril com pétalas de esperança…
vou convocar um magote de multidão
para dar luz aos olhos de cada criança
e dar pão aos humildes da nação.
Joaquim Coelho